domingo, 5 de junho de 2011

Historinha sobre a Biodiversidade

Era uma vez um amor tão bonitinho: Ela menina, Ele passarinho.

Ela menina ia para a escola quando viu o corpinho no chão, ainda quente, que tinha acabado de se esborrachar depois de cair do alto do prédio.

Quente ainda. Coitadinho!

O corpinho foi transportado com a mão até o interior de um toco de árvore também morta. Ali, na beira da sepultura, Ela menina prometeu que iria diariamente depositar flores coloridas de papel no oco do toco da árvore, para que nunca fosse esquecido aquele corpinho ainda quente de passarinho.

Mas as flores acabaram lhe trazendo um problema. Tomavam tempo demais.

Na semana seguinte, esse era o bilhete que Ela levava para casa:

“Comunico que a aluna passa todas as aulas desenhando, pintando e recortando flores de papel. Abandonou a matemática, e nem historinhas escreve mais.

Ass.: A Professora.”

Foi dito então à menina que deixasse as homenagens póstumas de lado e que voltasse a estudar. Ao contrário do que se imagina o conselho foi rapidamente acatado, pois ela já tinha cansado de recortar e pintar e desenhar as tais flores.

Tic-Tac.

Muito tempo passou. Ela já não passava mais naquela rua, e Dele não sobrou nem o toco da árvore que foi posteriormente coberto por grossa camada de cimento.

Mas, muitos e muitos anos depois, Ela conhece Ele, que tinha se transformado em um homem muito alto e magro, leve, leve, com rápidos olhinhos ligeiros, e que tinha uma voz de anjo que a deixava muito feliz quando cantava. Agora ele deixava sementes em volta da cama dela, e de aerado fazia seus dias mais leves, enquanto riam e sonhavam juntos.

É de uma vez um amor tão bonitinho. Ela não mais menina, Ele não mais passarinho.

Arquivo do blog