sexta-feira, 5 de junho de 2009

?

Nunca sabia o que dizer. Toda vez que chegava na hora... o branco vinha... e... se ficava muda era porque...
Não sabia.

Reescrevia os poemas, defrifava códigos: quanta sutileza de gestos!
"Que manobra radical!", diria ele?
Não sabia.

(podia imaginá-lo imóvel, do outro lado da tela.
Coração aos pulos e o silêncio.)

Teria ele, escutado seus assovios?
Aliás: por onde andava a cotovia de unha vermelha
em pele descalça?
No escuro do elevador,
ou nas dobradiças de dormir?
Não sabia.

Ele excitava sua imaginação,
e a fazia verter-se em lágrimas e suspenses.
Se... de tarde corria
...

Se corresse bem depressa, chegaria sempre antes. A coisa estava tão complicada e vazia, que já não cabia em nada de tão grande, e também de nada servia de tão inútil.
Seria uma espécie de... Elefante branco, eu acho.


segunda-feira, 1 de junho de 2009

Da Caverna!

Tinha um gosto estranho esse cachimbo. Ou o ritual todo: a vela, a música e uma colcha de memórias espalhadas, em um espaço imaginário.
A maior dificuldade sempre foi o desejo de apreender aquilo que nos escapa: a covinha, as cores e cheiros, as idéias fugidas não sei de onde...
Tec-tec-tec:
Lembrava-se da chácara da infância, e do frio que sentira naquela noite em que andou na beira do açude. O gosto de morango e terra. O violãozinho da lata de azeite, as ovelhas, e o cheiro de pão feito em casa.

Corta!

E eu poderia te contar que a minha vida é toda ela, toda ela, cheia de cores e texturas. Poderia passar horas tentando te descrever sensações relevantes, e fazendo planos para estudos futuros.
Poderia te prometer os bolinhos de batada da minha mãe, mas... a fonte das minhas idéias secou, e eu tenho preferido as coisas velhas ao invés das novas. Percebo que os desejos são semelhantes entre muitos... e por isso decido continuar escrevendo cerrada assim, dessa forma encarcerada. Oculto os rementes, os destinatários, e fico entre um delírio aqui e um sorriso ali: o cinema me dá vonta de chorar!

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