sexta-feira, 28 de maio de 2010

Porque um dia, fez passeio por um caminho montanhoso, coberto de estrelas vermelhas.

Ela decide deixar o lamento instalar-se. Sentia a falta, penava a ausência, e em ânsias repentinas mentia o que já foi um dia.
"O que foi feito da vida?"
Não sabia. E seu diálogo virando sempre num monólogo vazio, e os caminhos cada vez mais cruzados.
Relação passado-presente, memória. Ela, e a necessidade dela, correndo sozinha numa bicicleta azul. Bah... como é bom descer uma calçada!
Ontem sob o viaduto, podia voar de tão leve.
Era um retalho de veludo (vermelho, um sofá. Como aquele homem com voz de mulher...)
Um dente de leão (tinha bordado uma um dia. Poderia bordar de novo?)
Óh, bicho branco e comprido que mora na beira do mar enquanto o sol se põe.

Poderia pintar novas paredes com giz de cera?
Pintar o Cal?
Plantar um pimentão?
Não ter problemas com o vento encanado?

Ver o temporal chegar na ponta do Cachimbo (e outra vez, literalmente fugir dele em alta velocidade?)
E misturar tudo tudo. E gostar de tudo tudo, e crer. Principalmente crer.
E daí?

Podia fazer melhor.
Definitvamente!


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Esboço primeiro da lista irracional de justificativas possíveis para meu total desprezo às coisas feitas hoje em dia

Pequena, paro ao pés do gigante. Não me devora de imediato, e tentar ver seus olhos me deixa com dor no pescoço.
Aonde eu estou, perdida e sozinha, naquele mar de gente, que deixa o mundo com cara de "onde está Wally?"?
Com aquela quantidade absurda de novidades e de informações. E de apelos, e de cores (sempre elas!).
Pulverizada, as verdades de hoje não abalam, e nos fazem flutuar errantes.
(Que cafona!)
Faz muito tempo que nada acontece sim, assim como faz tempo que um monte de coisa acontece sem que eu (e a grande maioria, sem pensarmos em números) percebam.
Eu grito e reclamo então: hoje, temos cada um um fantasma!
Cada um tem direito a um inimigo próprio, para que se torne descomposto o grupo.
Eu não tenho tantos braços, tantos olhos e estômago pra tudo isso que acontece lá fora.

1. Talvez ficar jogado num canto, sem toda essa comunicação (que mais cala, silencia), tendo contudo um objetivo claro (certeiro alvo!), seja extamente o que nos falta.

Cansar, e descansar.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Marcação para lembrar a passagem desta data.

A consciência das cordas não afrouxa as amarras,
e a prisão é também o meu trunfo!
Hoje é mais um dia, assim como será amanhã.
Mas poderia não ter sido.
.
O que devolver, quando o que se é engolido é uma bola de ar seco, e só?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

E sente saudades de si ante aquele lugar-outono...*

Tem o corpinho mole ainda, meu filho. É frágil, mais que a moça.
Tens medo?
Porque me olhas?
(Porque sei que olhas!) de cima para baixo.
Não sei.
Sobre isso
nada sei
dizer, informar, denunciar, propor, questionar.
Sobre isso
calo, fecho a porta.
Daí quando eu choro... quando eu choro, eu lembro do cheiro da piscina de plástico
"Abre todas as portas e que o vento varra a idéia
Que temos de que um fumo perfuma de ócio os salões..."
E também dos abacaxis e Parangolés.
Ufa!
Pausa para o coração bater?

*Hora Absurda, Fernando Pessoa


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