quinta-feira, 23 de abril de 2009

Início... ( ou, "Com o título à definir")

Agora era noite. Lembro de uma capelinha de Nossa Senhora de Fátima sobre a porta, eu, menina, entrando. Lembro da luz da alta escadaria que ficava ao lado da minha porta.
Fragmentos do Diário da menina X. 
(Mas que poderia ser Z. Ela não tem nome, nem tampouco existe.)

Quando se é pequeno, tudo tem outra dimensão. Um "quê" de Sonho.  Um ângulo que fica esquecido com o passar dos anos, conforme crescemos. Por isso, sempre confiei em pessoas que sentam ou dormem no chão. Provavelmente serão as únicas a enteder de que falo quando me refiro a um ângulo esquecido: assim como na infância, o chão deixa o teto alto. De acordo com a posição da cabeça é possível inclusive obter a sensação de "torto", típica do Expressionismo Alemão.
Tenho muitas lembranças da infância. Minha infância foi um filme!
xxx
Eu prometo escrever o máximo que puder, para dar trabalho à quem decidir me decifrar. 

Era noite quente, e a rua cheirava a Jasmim. Da Azaléia só fiquei com a imagem  rosa com suas pintinhas escuras. 
Uma lua muito grande brilhava no céu, no seu primeiro eclipse. Cavalo de fogo,e  abriguinho três listras. Eu estudava sentada no chão, com o caderno sobre a cama. 
Ainda a mesma menina Fictícia...

Fazia assim até hoje! Fazia assim: tomava chás, e comprava sabontes. 

...meio...

Era noite, e ela Mulher,  percebia as antigas músicas de novas maneiras. Resignificava seu entorno, e a si mesma. 
Mas, estranhava o fato de ainda não ter chovido. E ao mesmo tempo, tinha dúvida se devia pensar que:
1)Era somente a umidade típica do inverno que se aproximava, anunciando sua chegada - e que ela sentia em todos seus poros e células- agora que a noite vinha mais cedo a cada novo dia, tal qual um monstro, que se arrasta, l e n t a m e n t e. 
2) Ou, se devia continuar enganando a si mesma e seguir crendo que vai chover amanhã de manhã. Assim, a umidade não seria do inverno, que nunca mais ia chegar.
 
Ou sabia, e que não queria saber. Não queria saber porque o inverno na sua terra tinha aquele cheiro de fogueira à noite, e um horizonte vermelho e empoeirado que brilhava uma vez por ano, no dia 31 de Dezembro. 
...e fim!

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