segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Promessa é dívida! Ou, dúvida...

"Então escrever é o modo que tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não palavra - a entrelinha - morde a isca, alguma coisa se escreveu. Uma vez que se pescou a entrelinha, poder-se-ia com alívio jogar a palavra fora. Mas aí cessa a analogia: a não-palavra, ao morder a isca, incorporou-a.
O que salva então é escrever distraidamente...."
Clarice Linspector

Um comentário:

Mik'A'EL disse...

O trabalho de escrever pressupõe uma ferida e
uma perda, um trabalho de luto, cujo texto é a
transformação em uma positividade fictícia.
Nenhuma criação pode ocorrer sem esforço ou
aplicação, sem um penoso esforço sobre o qual
está a pseudovitória. Pseudo, porque essa vitória
só pode durar por um tempo limitado, porque é
sempre contestada pelo próprio autor, que
constantemente deseja começar de novo e, assim,
negar o que já foi feito, negar, em todo caso, que o
resultado, por mais satisfatório que pudesse
parecer, deveria ser tomado como ponto final.
André Green

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